Anatomia Renal e Considerações Cirúrgicas em Pequenos Animais

Os rins desempenham um papel essencial na homeostase corporal, filtrando o sangue, regulando o equilíbrio hidroeletrolítico e contribuindo para a excreção de metabólitos. Em pequenos animais, o conhecimento detalhado da anatomia renal é fundamental para a realização de procedimentos cirúrgicos eficazes e seguros. A compreensão das estruturas renais, suas relações anatômicas e os principais desafios cirúrgicos são cruciais para minimizar complicações e preservar a função renal pós-operatória.
Anatomia dos Rins em Pequenos Animais
Os rins estão localizados retroperitonealmente, adjacentes à coluna vertebral, sendo o rim direito mais cranial do que o esquerdo. Cada rim é envolto por uma cápsula fibrosa que oferece proteção mecânica e, externamente, é circundado por tecido adiposo perirrenal. A vascularização renal é complexa e essencial para a função do órgão, sendo derivada das artérias renais, que se ramificam a partir da aorta abdominal. O retorno venoso ocorre por meio das veias renais, que drenam diretamente para a veia cava caudal.
Nos cães e gatos, os rins possuem uma configuração unipiramidal, o que significa que a medula renal se apresenta como uma única massa contínua, sem a presença de pirâmides renais individualizadas, como ocorre em espécies de maior porte. O córtex renal envolve a medula e abriga os néfrons, unidades funcionais responsáveis pelo processo de filtração do sangue.
Considerações Cirúrgicas no Rim
Procedimentos cirúrgicos renais, como nefrotomia, nefrectomia e biópsias renais, exigem um planejamento meticuloso para evitar lesões vasculares e preservar a função renal remanescente. A escolha do acesso cirúrgico é baseada na localização renal e na extensão do procedimento, sendo a abordagem por laparotomia a mais comum.
Durante a manipulação cirúrgica, é essencial considerar a fragilidade da cápsula renal, que pode se romper facilmente. Em procedimentos como a nefrectomia total, a oclusão vascular é realizada com o objetivo de interromper o fluxo sanguíneo para o rim de forma completa e definitiva. Como a artéria renal possui ramificações, que muitas vezes se dividem antes da entrada no hilo renal, é crucial garantir uma oclusão segura e cuidadosa para evitar repercussões sistêmicas, especialmente considerando o fluxo sanguíneo renal abundante.
Outro aspecto relevante é a preservação das estruturas adjacentes, como a pelve renal e o ureter, durante procedimentos parciais, para minimizar o risco de complicações pós-operatórias, como estenoses ou obstruções urinárias. O manuseio cuidadoso das estruturas renais e a utilização de técnicas de sutura delicadas minimizam o risco de fibrose e alterações funcionais.
Conclusão
O conhecimento aprofundado da anatomia renal é um pré-requisito para o sucesso das intervenções cirúrgicas nesse órgão. A compreensão das relações anatômicas, do suprimento vascular e da capacidade de cicatrização renal permite ao cirurgião veterinário planejar e executar procedimentos de forma mais segura e eficaz. A atenção meticulosa aos detalhes anatômicos e às particularidades cirúrgicas contribui para melhores desfechos e recuperação funcional adequada do paciente.
Referências
FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
KONIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos: Texto e Atlas Colorido. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2020.
TOBIAS, K. M.; JOHNSTON, S. A. Veterinary Surgery: Small Animal. 2. ed. St. Louis: Elsevier, 2017.
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