Suturas Interrompidas e Contínuas: Vantagens e Desvantagens

A escolha entre suturas interrompidas e contínuas depende de diversos fatores, como a necessidade de resistência, controle da tensão tecidual, rapidez na execução e impacto na cicatrização. Ambas possuem indicações específicas em cirurgias veterinárias, sendo fundamentais na adaptação dos tecidos e no sucesso da cicatrização pós-operatória.

Suturas Interrompidas

As suturas interrompidas são caracterizadas pelo uso de múltiplos pontos individuais ao longo da incisão. Cada ponto é independente, o que permite maior controle sobre a tensão e reduz o risco de deiscência caso um dos pontos falhe. São amplamente utilizadas em cirurgias cutâneas e em locais onde a resistência mecânica é essencial.

Vantagens:
  • Maior segurança e resistência: A falha de um ponto não compromete a integridade da sutura como um todo, tornando essa técnica ideal para áreas submetidas a maior tensão.
  • Melhor controle da tensão: Permite ajustar a tensão de cada ponto individualmente, prevenindo isquemia tecidual e garantindo uma melhor adaptação das bordas da ferida.
  • Possibilidade de remoção parcial: Se necessário, apenas pontos específicos podem ser retirados sem afetar a integridade do restante da sutura.
Desvantagens:
  • Maior tempo de execução: A necessidade de múltiplos nós e inserções de agulha torna o procedimento mais demorado, podendo aumentar o tempo cirúrgico e anestésico.
  • Maior volume de material de sutura: O uso de mais fios pode aumentar a resposta inflamatória local e, em alguns casos, levar a um maior desconforto pós-operatório.
  • Possibilidade de marcas e cicatrizes mais evidentes: Dependendo do local e da técnica utilizada, pode haver maior reação tecidual e cicatrizes mais visíveis.

Suturas Contínuas

As suturas contínuas consistem em um único fio que percorre toda a extensão da incisão, sem cortes intermediários. São frequentemente utilizadas para fechamento de camadas internas e tecidos de baixa tensão, como por exemplo suturas em mucosas.

Vantagens:
  • Rapidez na execução: Como há menos nós, a técnica é mais ágil, reduzindo o tempo cirúrgico e anestésico, o que é vantajoso em pacientes instáveis.
  • Menor quantidade de material: Utiliza menos fio em comparação com as suturas interrompidas, o que pode diminuir a resposta inflamatória e reduzir o risco de corpo estranho.
  • Distribuição uniforme da tensão: Pode ser vantajosa em tecidos onde a distribuição homogênea da tensão ajuda a evitar necrose ou deiscência, favorecendo a cicatrização linear.
  • Menos irritação tecidual: Como há menos nós, reduz-se o trauma mecânico sobre os tecidos.
Desvantagens:
  • Maior risco de deiscência: Caso a sutura falhe em um ponto, há risco de abertura de toda a incisão, comprometendo a integridade do fechamento.
  • Dificuldade em ajustar a tensão: Não permite controle individualizado da tensão dos pontos, podendo levar a isquemia em áreas de maior pressão.
  • Remoção mais difícil: Quando não absorvível, a retirada da sutura pode ser mais complexa, pois envolve toda a extensão do fechamento.

Conclusão

A escolha entre as suturas interrompidas e contínuas deve considerar fatores como o tipo de tecido, a necessidade de resistência mecânica, o risco de infecção e o tempo cirúrgico disponível. Em muitos procedimentos veterinários, combina-se ambas as técnicas para obter os benefícios de cada uma, utilizando suturas contínuas em camadas profundas e interrompidas na pele para maior segurança e melhor adaptação das bordas da ferida.

A decisão pelo tipo de sutura ideal deve ser baseada em critérios anatômicos e biomecânicos, sempre visando a minimização de complicações e a melhor recuperação do paciente. O conhecimento detalhado sobre as propriedades dos materiais de sutura, a escolha do fio adequado para cada tipo de tecido e a técnica de execução são fatores determinantes para um resultado cirúrgico bem-sucedido.

Referências Bibliográficas

FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

TOBIAS, K. M.; JOHNSTON, S. A. Veterinary Surgery: Small Animal. 2. ed. St. Louis: Elsevier, 2017.

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