Particularidades Anatômicas da Região Cervical
A região cervical possui uma particularidade interessante relacionada a musculatura. Os cirurgiões conseguem perceber, ao divulsionar o tecido subcutâneo do pescoço, uma resistência maior além de fibras musculares entremeadas à tela subcutânea. Isso acontece pois o músculo esfíncter superficial do pescoço localiza-se na fáscia superficial do pescoço ventralmente. Lateralmente, é possível encontrar, também na fáscia superficial, o músculo platisma, que confere tensão as regiões dorsal e lateral do pescoço. Essas duas musculaturas cutâneas dificultam a divulsão da região ventral do pescoço nos carnívoros.
É importante, durante a divulsão, insistir no mesmo ponto até encontrar a musculatura profunda da região cervical, realizar um túnel e fazer uma incisão única do subcutâneo. A vantagem de possuir esta musculatura é o suporte que ela fornece para ancoragem dos pontos na síntese do tecido subcutâneo.
Outro ponto anatômico importante é a bainha carotídea. Ela é uma condensação da fáscia profunda do pescoço, que envolve o tronco vagossimpático, a. carótida comum e v. jugular interna e percorre toda a região cervical tanto do lado direito como esquerdo. Um estímulo próximo a bainha carotídea pode gerar bradicardia por conta da estimulação vagal.
Em relação a síntese de pele nas cirurgias cervicais, há uma vantagem que deve ser considerada neste tempo cirúrgico: as linhas de tensão ficam no sentido longitudinal. Sendo assim, os bordos ficam com pouca tensão e não é necessário realizar uma sutura que distribua a força em diversos pontos ou colocar muita tensão ao cerrar o nó (isso pode causar isquemia na pele próxima ao bordo e dificultar a cicatrização ou gerar deiscência).
Referências Bibliográficas
Evans, Howard E.; de Lahunta, Alexander (2013). Miller’s Anatomy of the Dog (4th ed.). St. Louis, Missouri: Elsevier. 191p, 214p.
KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos: texto e atlas colorido. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 118p, 682p
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